A Comissão Especial do Hidrogênio Verde, presidida pelo senador Cid Gomes (PDT-CE) realizou, nesta quarta-feira (17/05), mais uma audiência pública, desta vez com o tema “O setor do hidrogênio verde e o desenvolvimento da tecnologia”. Os participantes do debate destacaram os avanços e os desafios das instituições governamentais, universidades e de empresas privadas no desenvolvimento de tecnologias necessárias para a produção em grande escala do hidrogênio.
De acordo com o pró-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Augusto Teixeira de Albuquerque, “a contribuição do hidrogênio verde na transição energética é muito promissora, mas para ser efetivada uma série de desenvolvimentos tecnológicos ainda são necessários”. Mas, segundo ele, a comunidade científica brasileira está preparada para este desafio e as oportunidades são imensas. “O hidrogênio verde irá criar oportunidades reais para a sociedade como um todo, desde as comunidades locais, passando pelo mundo do trabalho e finalizando com pesquisas de fronteira”, afirmou.
O chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso Alves, apresentou as tecnologias hoje utilizadas para a produção do hidrogênio cinza, que é a partir de fontes fósseis, e também as diversas possibilidades para a produção do hidrogênio verde, que para ter essa denominação precisa ser produzido a partir de fontes renováveis de energia.
Segundo ele, o processo de eletrólise para a obtenção do hidrogênio a partir da água possui uma tecnologia já bem avançada, mas é preciso investir em inovações tecnológicas para os processos relacionados à biomassa, energia solar e eólica, justamente as matrizes que são abundantes no Brasil. “O fato de o hidrogênio ser bastante interessante para produção energética é a possibilidade de se promover, além da transição energética, uma ampla descarbonização de todos os setores da economia”, defendeu.
Mercado interno
O senador Cid Gomes ressaltou que quando se fala em hidrogênio verde no Brasil ainda se pensa muito no mercado externo, mas temos que pensar no mercado interno. “O mercado externo será um garantidor dos investimentos iniciais. Mas o Brasil tem um mercado potencial e com certeza o desenvolvimento das tecnologias irá contribuir muito mais rápido do que a gente imagina porque elas estão crescendo rapidamente”, avaliou.
Cid ressaltou mais uma vez que o objetivo maior da Comissão será dar ao Brasil uma legislação que seja sintonizada com o que há de mais avançado no mundo. “Não adianta fazer uma regulamentação olhando para o nosso umbigo se isso internacionalmente não será reconhecido”, defendeu.
Participação
Também participaram da audiência pública o professor Tiago Lopes, da Escola Politécnica da USP; Alexandre Vaz Castro, membro do comitê de relações institucionais e governamentais do Conselho Federal de Química; Rafael Silva, coordenador-geral da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia; Alexsandro Gaspareto, gerente de distribuição e parcerias da Petrobras; e Paulo Emílio Miranda, professor do programa de engenharia metalúrgica e de materiais da UFRJ.