Manifesto sonoro afrofuturista: Davinci lança Dominante das Ruas mesclando Jazz, Macumba e Hip-hop

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Dominante das Ruas é o álbum de estreia de Davinci, cantor, pesquisador sonoro e saxofonista que emerge diretamente da periferia de  Fortaleza com uma obra que reverbera potência, ancestralidade e inovação. O disco é um mergulho no sound afroindígena urbano, mesclando as vivências do território da Barra do Ceará com as influências do hip-hop, jazz e espiritualidade de terreiro.

O trabalho, que estreia em todas as plataformas de streaming nesta quarta-feira (20) — Spotify, Apple Music, Amazon Music —, apresenta sete faixas onde a rua é retratada como um espaço sagrado e cotidiano. Silêncio, pixo, poesia e paisagens sonoras urbanas se entrelaçam em uma narrativa que transforma becos, terreiros e encruzilhadas em matas sonoras vivas e pulsantes.

Afrofuturismo caboclo e imersão sensorial

Inspirado no clássico Space is the Place (1973), de Sun Ra, Dominante das Ruas é uma obra afrofuturista que traduz as atmosferas da Barra do Ceará sob uma perspectiva cabocla. O saxofone de Davinci dialoga com os atabaques em uma fusão que entrega uma experiência sensorial única, onde o ancestral e o contemporâneo coexistem.

Produzido no Abrigo Plataforma, o álbum foi mixado e masterizado pelo próprio Davinci, com consultorias de Eric Barbosa (beats, percussão e guitarras). A obra conta com participações de peso, como Nego Gallo (voz), Klemente Tsamba, de Moçambique (narração), Riquelme Alves (percussão), Adriel Rodrigues (percussão), Mãe Bia (narração) e Eduardo Madeira (contrabaixo). A produção executiva é assinada por Gandhi Guimarães, enquanto a capa do disco, que traduz visualmente a estética do projeto, foi criada por Diego Maia.

O álbum também passou por um laboratório de pesquisa sonora e teve apoio da Secretaria da Cultura de Fortaleza (SecultFor), por meio do Edital para as Artes – Lei Paulo Gustavo (2023), na linguagem Música.

Faixa a faixa: uma jornada sonora

  1. Introdução Leste – Abertura que apresenta as zonas da cidade e traz a bênção da mãe de santo Mãe Bia do Pombo Gira.
  2. Flow Karinga – Parceria com Klemente Tsamba, artista moçambicano. A música reflete sobre as semelhanças entre as colonizações brasileira e moçambicana, reafirmando a luta dos povos originários. Guitarras de Eric Barbosa.
  3. Tríplice do Beco – Celebração da autoestima e resiliência, com versos que exaltam a arte como algo que precisa ser “mandingado”. Participação de Nego Gallo (voz) e produção de Eric Barbosa (beat).
  4. Macumbeiro Coltrane – Uma macumba jazz criada por Davinci e Riquelme Alves.
  5. Pivete Divino – Beat de Davinci, com guitarras e percussões de Eric Barbosa. A faixa afirma a divindade e a potência dos corpos periféricos.
  6. Dominante das Ruas – Apresentação de Davinci como artista, com narrações de Toin (morador da Barra do Ceará), Zenaide Nascimento, Kalil Lion e Pai Ricardo de Xangô.
  7. Aliado – História de dois amigos que se tornaram inimigos em meio às guerras de facções.

Uma obra que conecta ancestralidade e resistência

Dominante das Ruas não é apenas um álbum; é um manifesto sonoro que conecta ancestralidade, resistência e inovação. Através de suas faixas, Davinci transforma a periferia em um palco de protagonismo, onde a arte e a espiritualidade se encontram para narrar histórias reais e inspirar novas perspectivas sobre a cidade.

Serviço
O quê: Lançamento do álbum Dominante das Ruas, de Davinci
Quando: Quarta-feira, 20 de agosto de 2025
Onde: Disponível em todas as plataformas digitais (Spotify, Apple Music, Amazon Music, Deezer)
Gêneros: Jazz, Hip-hop, Macumba, Afrofuturismo
Apoio: Secretaria da Cultura de Fortaleza (SecultFor), Lei Paulo Gustavo