Os desafios e as problemáticas encontradas pela cadeia produtiva do leite no Ceará foram debatidos em audiência pública realizada pela Comissão de Agropecuária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) nesta segunda-feira (08/09). Entre os principais encaminhamentos da discussão foram propostos o estabelecimento de um indexador do preço do leite no Estado, por meio do Conselho Paritário de Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite), que atua como um dos indicadores de referência de preços de leite no Brasil, assim como uma melhor articulação entre a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) e Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) em relação ao custo litro/mês do leite no Ceará.
Para o deputado De Assis Diniz (PT), um dos propositores do debate, o setor tem enfrentado dificuldades para o seu pleno funcionamento, com pequenos e médios produtores se queixando do valor pago a eles pela produção. Segundo o parlamentar, “a conta não está fechando para a categoria”, avaliando ser necessário um esforço coletivo em defesa desses produtores.
“O cenário atual não está possibilitando que esses produtores tenham um planejamento adequado e correto. No final do mês, eles não estão conseguindo ter lucratividade. Temos problemas graves na cadeia do leite que precisam ser equacionados, principalmente porque quem trabalha no curral sabe o impacto que tem uma redução de centavos no valor da sua produção”, salientou De Assis Diniz.
O deputado Felipe Mota (União), também propositor da audiência, enfatizou que o encontro teve o objetivo de servir como “uma caixa de ressonância” das demandas de todos os envolvidos na cadeia produtiva do leite. “Estão aqui representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), de associações de classe, de prefeituras, bem como produtores rurais, em busca de um entendimento único”, ressaltou.
Segundo ele, uma das reivindicações do segmento é o estabelecimento de um indexador para o leite. “Queremos saber a sazonalidade da precificação do leite, porque o que acontece no Ceará é que nós não sabemos qual vai ser o preço aplicado no leite no ano inteiro, o que seria evitado com um indexador. A falta desse valor de referência desmotiva o produtor rural”, comentou.
Na avaliação de outro requerente da audiência, o deputado Missias Dias (PT), a cadeia do leite é fundamental para a economia do Estado e para o desenvolvimento do campo cearense. “É uma cadeia que precisa ser fortalecida, envolvendo todos os atores para dialogar e encontrar soluções para os gargalos”, pontuou.
Já a deputada Keivia Dias (PSD) lembrou que é filha de agricultores e que está apoiando todas as demandas da categoria. “Apoio os produtores que lideram esse movimento, por considerar que a cadeia do leite vem revolucionando a economia do Ceará. Coloco-me à disposição para lutar nessa causa, para que possamos encontrar saídas para as problemáticas”, assinalou.
O prefeito de Quixeramobim, Cirilo Pimenta (PSB), apontou que o leite é uma das atividades que mais têm proporcionado emprego e renda no Ceará, especialmente na área rural. “A maior parte da população do interior do Estado, principalmente na região do Sertão Central, vive do leite e relata uma situação preocupante, pois os preços dos insumos estão elevados e o preço pago aos produtores não tem sido justo”, avaliou.
Para o presidente da Faec, Amilcar Silveira, a situação não pode permanecer como está, considerando que os produtores de leite estão sendo bastante prejudicados no desempenho das suas atividades. “Precisamos nos unir, seja para melhorar o preço do leite, para brigar com a indústria dos supermercados ou quem quer que seja. Os laticínios que não remunerarem ou não tratarem bem os produtores de leite do nosso Estado precisam ser responsabilizados”, destacou.
Ainda de acordo com ele, “a luta dos produtores rurais não pode ser uma luta isolada, devendo ser uma luta também do Governo do Estado, de deputados, da Faec e de outros segmentos produtivos cearenses”.
O presidente do Sindicato da Indústria dos Lacticínios e Produtos Derivados no Estado do Ceará (Sindlacticínios), José Antunes Fonseca, elogiou o governo Elmano de Freitas por considerar que ele tem valorizado a cadeia produtiva do leite, inclusive com isenções para indústrias do setor, e ponderou que os debates sobre um valor justo para o produto não são exclusivos do Ceará.
“A relação entre o produtor de leite e o setor de laticínios deve ser de simbiose, pois um só existe por causa do outro. Em relação à questão sobre o valor do leite e o que é repassado para os produtores, esse é um problema nacional, não é apenas do Ceará”, explicou José Antunes Fonseca.
Participaram ainda da audiência o secretário-executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Ceará (SDE), Sílvio Carlos; o secretário de Políticas Públicas da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), Joathan de Sousa Magalhães; o representante do Movimento dos Produtores de Leite do Ceará (Movileite), Chico Almir Severo, entre outras autoridades.