MP do Ceará e do Paraná fazem operação contra organização criminosa suspeita de fraudes, corrupção e tráfico de drogas

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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Ceará participou de operações do MP do Paraná, contra uma organização criminosa suspeita de fraudes eletrônicas, corrupção e tráfico de drogas. As operações “A Rede”, “Muralha de Areia” e “Vértice” foram deflagradas na terça-feira (04/11) e nesta quarta-feira (05/11) e contaram, ainda, com apoio do MP do Rio de Janeiro e da Polícia Científica do Paraná. As investigações apuram atuação de organização criminosa de âmbito nacional envolvida com crimes de furto mediante fraude e estelionato eletrônico, praticados a partir de uma falsa central telefônica que operava na cidade paranaense de Ponta Grossa, além de lavagem de capitais, corrupção ativa e passiva e tráfico de drogas.

Foram cumpridos 63 mandados de busca e apreensão – sendo 31 de busca pessoal e 32 de busca domiciliar –, além de ordens de bloqueio de 38 contas de pessoas físicas e 10 de pessoas jurídicas, bloqueios administrativos de 17 veículos e o sequestro de seis imóveis, inclusive o local onde funcionava a falsa central telefônica. As medidas cautelares foram cumpridas nas cidades de Fortaleza e Itaitinga, no Ceará; Curitiba, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa, no Paraná; Rio de Janeiro, Mangaratiba, Mesquita, Nilópolis e Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro; e no estado de São Paulo. No Ceará, os mandados foram cumpridos contra alvos investigados por receberem valores oriundos de fraudes.

Durante o cumprimento das medidas, foram apreendidos três veículos (um deles considerado de luxo), além de aparelhos de telefone celular, cartões, máquinas de cartão e equipamentos eletrônicos, entre outros itens que serão periciados e deverão auxiliar na continuidade das investigações, iniciadas em fevereiro, a partir de uma denúncia anônima.

“A Rede” 

Essa operação se concentra na desarticulação de uma organização criminosa que operava uma falsa central telefônica e utilizava técnicas sofisticadas de engenharia social para praticar furtos mediante fraude e estelionato eletrônico. Os criminosos se passavam por funcionários de centrais de segurança bancária (“ligadoras”) para induzir as vítimas a fornecerem dados sensíveis e códigos de segurança (tokens) de suas contas, possibilitando que um hacker invadisse o sistema bancário. No curso das investigações, em apenas um dos golpes identificados houve o furto de R$ 564.874,55 da conta de uma empresa vítima de São Paulo. Em outro caso, contra um cliente que tinha R$ 5 milhões em conta, o crime somente não se consumou porque a vítima foi alertada pelo gerente do banco.

O produto desse crime era lavado a partir de uma complexa rede de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas de vários estados da Operação. Para cada crime praticado há o envolvimento de dezenas de pessoas, desde os operadores da falsa central telefônica, criminosos que coordenam e angariam laranjas, além dos hackers, que “invadem” a conta das vítimas e transferem os recursos para as contas laranjas. O grupo ainda utilizava uma empresa de fachada, registrada como comércio de artigos de pesca para dissimular a origem do dinheiro. A partir da constatação dessa rede de fraudes bancárias e lavagem de dinheiro, a investigação deu origem a duas outras investigações: a “Muralha de Areia” e a “Vértice”.

“Muralha de Areia” 

Conversas telefônicas entre os membros da organização criminosa, monitoradas com autorização do Judiciário, revelaram um esquema de corrupção envolvendo a compra de benefícios indevidos no sistema prisional. Foram identificados indícios de corrupção ativa e passiva para a concessão de privilégios a presos da Unidade de Progressão em Ponta Grossa, como uso de celular no local de trabalho externo e para acobertar a saída ilegal temporária do detento do canteiro de trabalho.

“Vértice”  

Foram ainda coletadas evidências do envolvimento de parte dos investigados com o tráfico de drogas e de um esquema complexo de lavagem de dinheiro do tráfico, com o pagamento de fornecedores por meio de diversas empresas de outros estados brasileiros e da região de fronteira com o Paraguai, todas de fachada. Uma delas, por exemplo, somente no ano de 2025, movimentou mais de R$ 43,6 milhões, o que indica tráfico de drogas em grande escala.