Museu Regional dos Inhamuns mostra como o Sertão cearense se transformou ao longo dos séculos

interior

Quando se fala em museu, a imagem mais comum é a de um espaço que guarda objetos antigos, utensílios que caíram em desuso. Para o paleontólogo José Artur Ferreira Gomes de Andrade, o Museu Regional dos Inhamuns, em Tauá, rompe com essa visão limitada. “Ele mostra um pouco da evolução da nossa cultura, a evolução dos utensílios utilizados nos primórdios da civilização”, explica.

A reflexão do pesquisador ajuda a entender o papel do museu como um instrumento de leitura do território. “Embora tenha um espaço físico, é um bem cultural que nos permite traçar a evolução de como se deu o desenvolvimento de um determinado local, de um município. Leva em conta todos os aspectos: o social, o cultural e o ambiental”, afirma.

O acervo do museu reúne peças arqueológicas e paleontológicas que revelam diferentes períodos da formação do Sertão cearense, desde artefatos usados pelos primeiros habitantes até fósseis da megafauna que viveu na região. “Na região dos Inhamuns, nós temos inscrições rupestres, pinturas rupestres e uma diversidade muito grande de megafauna. Através do museu e da exposição dessas peças, ficamos sabendo quem foram os nossos ancestrais”, destaca Andrade.

Preservação patrimonial 

Em processo de recatalogação, com mais de 50% já concluído, o Museu Regional dos Inhamuns participa do projeto “Salvaguarda dos Acervos Arqueológico e Paleontológico dos Inhamuns: Pesquisa, Museografia e Educação Patrimonial”, promovido pela Fundação Bernardo Feitosa e contemplado no 4º Edital Patrimônio Vivo da Secult-CE. A iniciativa organiza, conserva e democratiza o acervo, utilizando práticas museológicas modernas e orientadas pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A conclusão do projeto está prevista para o primeiro trimestre de 2026.

Além da pesquisa e da curadoria das peças, o projeto amplia o acesso do público por meio de ações educativas. “O museu vem mostrando a competência que tem, levando essa história às escolas e trazendo as escolas para esse meio de educação que é o museu”, diz o paleontólogo. Entre as ações previstas estão o programa “Aula no Museu”, novas exposições interativas e formações voltadas a professores e agentes culturais da região.

Fundado na década de 1950 por Joaquim e Dolores Feitosa, o Museu Regional dos Inhamuns é mantido pela Fundação Bernardo Feitosa, que há mais de 40 anos atua na preservação da memória e do patrimônio do Sertão. O espaço abriga cerca de 1.500 peças e se consolida como referência na educação patrimonial e na valorização da identidade do povo cearense.