Dados do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última sexta-feira, 27, confirmam o que há muito tempo vem sendo projetado por pesquisadores de diversas áreas humanas: a população brasileira envelheceu nos últimos anos e deve continuar a envelhecer nos próximos. Os dados do IBGE comprovam que o Brasil está envelhecendo e com isso faz-se necessário um trabalho intenso em cima dos aspectos sociais, na medida em que revela um quadro futuro de mudança no desenho econômico, político e social do País.
O levantamento apontou que, no Brasil, em 12 anos, houve um acréscimo de quase 60% no número de pessoas com mais de 65 anos. No Ceará, os dados expõem que esse público representa, agora, 10,4% da população total do Estado, com o total de 0 e 14 anos diminuindo em 17%.
Conforme explica a analista assistencial do Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSPI) do Sesc Ceará, Inez Coutinho, o fenômeno do envelhecimento é, inevitavelmente, uma pauta da contemporaneidade que precisa ser discutida com urgência. “Vamos ter que ter estratégias, políticas públicas, programas voltados para a pessoa idosa. O Brasil envelheceu e, com isso, a gente tem que criar mecanismos, atividades, que possamos oferecer à população preparar uma cidade para os idosos”, aponta ela.
Para a analista, é necessário colocar o envelhecimento ativo na nossa pauta do dia a dia, oferecendo oportunidades de relações intergeracionais e trabalhando os direitos sociais dessas pessoas idosas, além de ter programas voltados para esse público. “É muito importante levar essas discussões para as casas legislativas. Porque o envelhecimento está aí, mexe com toda uma mudança no aspecto social, político, demográfico e que tem que estar em discussão diariamente”, afirma.
O Sesc e a pessoa idosa
Com o objetivo de desenvolver ações voltadas ao interesse do público idoso de maneira socioeducativa, o Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSPI) do Sesc Ceará tem desenvolvido diversas ações e projetos como forma de atender às mais variadas faces do envelhecimento e à valorização desses indivíduos enquanto sujeito de direitos.
Uma dessas iniciativas, das mais importantes no ano, foi encerrada na última quinta-feira, 26, com as realizações da Semana Social do Envelhecimento e do Fórum Comunitário do Envelhecimento, eventos que agora estão unificados.
Inez Coutinho avalia que iniciativas como essa podem auxiliar na preparação para o inexorável envelhecimento das pessoas, com uma ampla gama de serviços para atender esses indivíduos e contar com mais instituições de longa permanência, por exemplo. “É importante ter espaços como o Sesc, que é pioneiro e há mais de 60 anos trabalha com o segmento da pessoa idosa no Brasil. E aqui no Ceará está com mais de 40 anos desenvolvendo atividades para dar autonomia, independência e trabalhar direitos sociais, promovendo esse envelhecimento de forma mais saudável e ativa”, opina.
Sobre o TSPI
Desde 1983, o projeto TSPI, desenvolvido pelo Sesc no Ceará, concentra seus esforços na atenção a esse público, visando abordar de forma abrangente as suas necessidades e características. Essa iniciativa se dedica a promover o bem estar integral das pessoas idosas por meio da implementação de ações e projetos que abordam as múltiplas dimensões do processo de envelhecimento.
Através de encontros regulares, os grupos de idosos exploram tópicos relevantes para o seu dia a dia, como direitos sociais, empoderamento, preservação da memória coletiva e outros assuntos afins. Esse ambiente fomenta a aprendizagem mútua, a troca de conhecimentos e experiências, o fortalecimento da cidadania, a promoção da qualidade de vida e o estabelecimento de laços interpessoais.
“O processo do envelhecimento se inicia desde o momento em que nascemos. Por isso é importante investir para que esse processo seja saudável, de uma forma mais ativa. E os dados do IBGE vão mostrar que, além dos aspectos sociais, haverá uma mudança também no desenho econômico nacional. É um indicador importante para pensar políticas públicas para o País, por mexer também com a questão demográfica. A cidade tem de ser pensada para todas as idades”, finaliza Inez Coutinho.