TJCE lança Clube de Leitura Luiz Gama para fomentar educação antirracista no Judiciário cearense

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Com o objetivo de fomentar uma educação jurídica antirracista e promover a equidade racial no Judiciário estadual, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) instituiu o Clube de Leitura Luiz Gama. O projeto, coordenado pela Comissão de Políticas Judiciárias pela Equidade Racial (CPJER), pretende ser um espaço estratégico de formação, reflexão e debate, estimulando a construção de uma prática judicial atenta às relações raciais e comprometida com a eliminação do preconceito e da discriminação raciais.

O Clube de Leitura funcionará com encontros presenciais e virtuais em turmas de estudos literários e jurídicos, conduzidos por professoras(es) e pesquisadoras(es) reconhecidas(os) em áreas ligadas ao combate ao racismo e à promoção da diversidade. O lançamento oficial acontecerá no próximo dia 6 de outubro, na sede do Tribunal de Justiça, a partir das 9h30, com a palestra da professora e doutora Alessandra Devulsky sobre “A questão racial e o colorismo”.

Autora, dentre outros, do livro “Colorismo”, da coleção “Feminismos Plurais”, a professora Alessandra Devulsky abordará um dos temas centrais para o debate sobre as relações raciais na contemporaneidade, marcando o início das atividades do Clube.

A iniciativa está alinhada ao Pacto Nacional do Judiciário pela Equidade Racial, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao qual o TJCE aderiu desde 2023.

Mesmo voltado para integrantes do Poder Judiciário, o Clube de Leitura está aberto à participação de outros membros do sistema de Justiça. A ideia é estimular a leitura de obras literárias e jurídicas de autoras negras e autores negros, criando espaços de diálogo e aprofundamento sobre as relações raciais no Ceará e no Brasil.

A escolha do nome de Luiz Gama é uma homenagem e um reconhecimento do TJCE e da CPJER a um dos maiores juristas, escritores e ativistas da história do Brasil. Através do Direito e da Justiça, Luiz Gama defendeu incansavelmente a liberdade, a igualdade e a democracia.

Trajetória de Luiz Gama
Luiz Gonzaga Pinto da Gama, nasceu livre em Salvador da Bahia no dia 21 de junho de 1830 e morreu na cidade de São Paulo, como herói da liberdade, em 24 de agosto de 1882.

Filho Luiza Mahin, africana livre, e de um fidalgo baiano cujo nome nunca revelou, Gama foi escravizado pelo próprio pai, na ausência da mãe, e vendido para o sul do país no dia 10 de novembro de 1840. Dos dez aos 18 anos de idade, Gama viveu escravizado em São Paulo e, após conseguir provas de sua liberdade, fugiu do cativeiro e assentou praça como soldado (1848).

Depois de seis anos de serviço militar (1854), Gama tornou-se escrivão de polícia e, em 1859, publicou suas Primeiras Trovas Burlescas, livro de poesias escritos sob pseudônimo Getulino, que marcaria o seu ingresso na história da literatura brasileira.

Desde o período em que era funcionário público, Gama redigiu, fundou e contribuiu com veículos de imprensa, tornando-se um dos principais jornalistas do seu tempo.

Mas foi como advogado, posição que conquistou em dezembro de 1869, que escreveu a sua obra magna, a luta contra a escravidão por dentro do direito, que resultou no feito assombroso – sem precedentes no abolicionismo mundial – de conferir a liberdade para aproximadamente 750 pessoas através das lutas nos Tribunais.

*Extraído do livro Democracia – 1866-1869, de autoria de Luiz Gama.